As nove ilhas do Arquipélago dos Açores são todas de origem vulcânica e encontram-se em pleno Atlântico Norte, dispersas ao longo de uma faixa com cerca de 600 km de extensão, de Santa Maria ao Corvo, e sensivelmente entre 37° e 40° de latitude norte e 25° e 31° de longitude oeste. Residem 236 657 (Censos 2021-dados preliminares) pessoas neste território insular de 2 325 km2, que está a uma distância de 1 600 km do continente europeu e 2454 km do continente norte-americano (Canadá).
No plano lendário, há quem pretenda associar os Açores à Atlântida, mítico reino insular citado por Platão. Já num plano histórico, encontram-se alusões a nove ilhas, em posições aproximadas das açorianas no oceano Atlântico, em livros e mapas cartográficos desde meados do século XIV. Mas é com a epopeia marítima portuguesa, liderada pelo Infante D. Henrique, que os Açores entram de forma definitiva no mapa da Europa. Desconhece-se quem terá sido o primeiro navegador a chegar ao arquipélago, se Diogo de Silves, em 1427, ou Gonçalo Velho Cabral, em 1431. A origem do nome Açores é igualmente ponto de várias teorias. A mais conhecida associa a designação aos milhafres encontrados, então confundidos com outra ave de rapina: o açor. Certo é que o Infante D. Henrique impulsionou a humanização das ilhas, inicialmente, com a introdução de animais, entre 1431 e 1432, e, posteriormente, com a chegada de povoadores, a partir de 1439.
A partir dessa altura, o povoamento estendeu-se ao longo do séculos XV (grupos oriental e central) e XVI (grupo ocidental). Aos povoadores originários de Portugal continental juntaram-se judeus, mouros, flamengos, genoveses, ingleses, franceses e africanos.
A empreitada do povoamento forja um povo que, ao longo de séculos, resiste a erupções vulcânicas e terramotos, isolamento, invasões de piratas, guerras políticas, doenças infestantes. A resistência ao domínio espanhol na crise de sucessão dinástica de 1580 e o apoio à causa liberal na guerra civil (1828-1834) são reveladores da coragem dos açorianos. Já no século XX, esta bravura sobrevive na epopeia baleeira, quando os homens se lançam em pequenos botes de madeira para o confronto no imenso mar azul com os cachalotes agigantados.